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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ENCERRANDO CICLOS - PAULO COELHO


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho?
Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando
capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que sentem-se culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com
cartas marcadas, portanto as vezes ganhamos, e as vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o está apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do momento ideal.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, não voltará. Lembre-se que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

PAULO COELHO

O PAI O FILHO E A FORCA


Havia um homem muito rico que possuía muitos bens, uma grande fazenda, muitos gados, vários empregados, e um único filho, seu herdeiro.
O que ele mais gostava era fazer festas, estar com seus amigos e ser bajulado por eles.
Seu pai sempre o advertia que seus amigos só estariam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer; depois, o abandonariam.
Um dia, o velho pai, já avançado em idade, disse aos empregados para construírem um pequeno celeiro. Dentro dele, o próprio pai fez uma forca e, junto com ela, uma placa com os dizeres:
PARA VOCÊ NUNCA MAIS DESPREZAR AS PALAVRAS DO TEU PAI.
Mais tarde, chamou o filho, o levou até o celeiro e lhe disse:
Meu filho, eu já estou velho e, quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu...
E eu sei qual será o seu futuro:
Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e irá gastar todo o dinheiro com os teus amigos.
Venderá todos os bens para se sustentar e, quando não tiver mais nada, teus amigos se afastarão de você.
Só então você se arrependerá amargamente de não ter me dado ouvidos.
Foi por isso que construí essa forca.
Ela é pra você!
Quero que prometa que, se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela.
O jovem riu, achou um absurdo, mas, para não contrariar o pai, prometeu, pensando que isso jamais pudesse acontecer.
O tempo passou, o pai morreu, e seu filho tomou conta de tudo, mas assim como seu pai havia previsto, o jovem gastou tudo, vendeu os bens, perdeu os amigos e até a própria dignidade.
Desesperado e aflito, começou a refletir sobre a sua vida e viu que havia sido um tolo. Lembrou-se das palavras do seu pai e começou a dizer:
Ah, meu pai... Se eu tivesse ouvido seus conselhos... Mas agora é tarde demais.
Pesaroso, o jovem levantou os olhos e avistou o pequeno celeiro. A passos lentos, dirigiu-se até lá e entrando, viu a forca e a placa empoeirada, e então pensou:
Eu nunca segui as palavras do meu pai, não pude alegrá-lo quando estava vivo, mas, pelo menos desta vez, farei a vontade dele. Vou cumprir minha promessa. Não me resta mais nada...
Então ele subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço, e pensou:
Ah, se eu tivesse uma nova chance...
Então, se jogou do alto dos degraus e, por um instante, sentiu a corda apertar sua garganta...
Era o fim.
Mas o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente e o rapaz caiu no chão.
Sobre ele caíram jóias, esmeraldas, pérolas, rubis, safiras e brilhantes, muitos brilhantes...
A forca estava cheia de pedras preciosas e um bilhete também caiu no chão.
Nele estava escrito:

ESTA É A TUA NOVA CHANCE. EU TE AMO MUITO!!

Com amor, teu velho e já saudoso pai.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PAIS MAUS


Quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado e dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queremos pagar”.

Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo: Eu os amei o suficiente para dizer-lhes“não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso, e alguns momentos até me odiaram. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.

Estamos contentes, vencemos! Porque no final vocês venceram também!

E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães; quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos vão lhes dizer: “Sim, nossos pais eram maus. Eram os pais mais malvados do mundo.”

As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer pão, frutas e vitaminas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne e legumes. E eles nos obrigavam a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.

Eles insistiam em saber onde estávamos à toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Papai insistia para que lhe disséssemos com quem iríamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.

Nós tínhamos vergonha de admitir, maseles “violavam as leis do trabalho infantil”. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruel. Eu acho que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Eles insistiam sempre conosco para que disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos.

A nossa vida era mesmo chata. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde. O papai, aquele chato, levantava para saber se a festa foi boa só para ver como estávamos ao voltar.

Por causa de nossos pais, nós perdemos imensas experiências na adolescência: Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa deles.

Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo de tudo para sermos “PAIS MAUS”, como os nossos foram.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A BOMBA D'AGUA


Um homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede.

Eis que ele chegou a uma cabana velha, desmoronando, sem janelas, sem teto.

Andou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.

Olhando ao redor, viu uma velha bomba de água, bem enferrujada.

Ele se arrastou até a bomba, agarrou a manivela e começou a bombear, a bombear, a bombear sem parar.

Nada aconteceu.

Desapontado, caiu prostrado, para trás.

E notou que ao seu lado havia uma velha garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu um recado que dizia:

Meu Amigo, você precisa primeiro preparar a bomba derramando sobre ela toda água desta garrafa. Depois faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir, para o próximo viajante.

O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água.

De repente, ele se viu num dilema.

Se bebesse aquela água, poderia sobreviver.

Mas se despejasse toda aquela água na velha bomba enferrujada, e ela não funcionasse morreria de sede.

Que fazer ?

Despejar a água na velha bomba e esperar vir a ter água fresca, fria, ou beber a água da velha garrafa e desprezar a mensagem ?

Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba.
Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba e pôs-se a ranger e chiar sem fim.

E nada aconteceu!

E a bomba foi rangendo e chiando.

Então, surgiu um fiozinho de água, depois, um pequeno fluxo e finalmente, a água jorrou com abundância.

Para alívio do homem a bomba velha fez jorrar água fresca, cristalina.

Ele encheu a garrafa e bebeu dela ansiosamente.

Encheu-a outra vez e tornou a beber seu conteúdo refrescante.

Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante.

Encheu-a até o gargalo, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota:

Creia-me, funciona. Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la de volta.

Várias lições preciosas podemos extrair desta estória ...

Quantas vezes temos medo de iniciar um novo projeto pois este demandará um enorme investimento de tempo, recursos, preparo e conhecimento ?

Quantos ficam parados satisfazendo-se com pequenos resultados, quando
poderiam conquistar significativas vitórias ?

E você... ???

O que falta para despejar esta garrafa de água que você guarda e está prestes a beber e conseguir água fresca em abundância de uma nova fonte ???